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Arte capa: yandex.com
Nº 01- Abril - 2023
2023
Tendências de design em
2023
A grande revolução no design não
será visual ou funcional, mas sobre
como fazemos o que fazemos. Qual
o limite da nossa criatividade?
Entrevista
Cristiana Grether
A designer brasileira que chegou
em 2011 na Coca-Cola para fazer
história
Cláudio Gil
Legibilidade é a regra básica?
Visitamos um dos nossos ídolos das
letras para fazer a seguinte reflexão:
legibilidade é fundamental para
logotipos?
Dicas
Ferramentas e recursos
para design
Como a Inteligência Artificial Adobe
Firefly está mudando a forma de
criar experiências digitais
Editorial
SUMÁRIO
3-4
Bem-vindos à revista Design Gráfico Brasil! Aqui, você encontrará tudo o
que precisa saber sobre as tendências, técnicas e novidades do mundo do
design gráfico no Brasil e ao redor do mundo. Com conteúdo exclusivo e
entrevistas com os melhores profissionais da área, nossa revista é um guia
completo para aqueles que buscam inspiração e conhecimento no campo
do design gráfico. De embalagens a logos, de cartazes a websites, nosso objetivo é trazer para você as mais recentes tendências e as melhores
práticas em design gráfico. Então, junte-se a nós nesta jornada e mergulhe
no mundo fascinante do design gráfico.
Tendências de Design para 2023
5-6
Análise de um case de design
gráfico referência
7-8
Dicas de ferramentas e recursos
para design gráfico
9-10
Entrevista com um designer
gráfico renomado
11-12
Showcase de trabalhos de
designers gráficos emergentes
Referencias Bibliograficas
Clique para acessar.
Tendências De Design Em 2023
Legibilidade É A Regra Básica? - Cláudio Gil
Dicas - Adobe Firefly
Entrevista - Cristiana Grether
Designer Emergente - Daniel Escudeiro
1
2
2023
Tendências de
design em
A grande revolução no design não será visual ou funcional,
mas sobre como fazemos o que fazemos. Qual o limite da
nossa criatividade?
O final de 2022 foi marcado pelo surgimento de inúmeras alternativas para criação de
imagens com inteligência artificial, extrapolando os limites das ferramentas criativas.
A democratização de softwares como
DALL·E 2, Midjourney e Stable Diffusion
permite que mais pessoas possam criar
composições inovadoras em questão de
minutos. Mas tanta velocidade e eficiência
carregam um peso: estamos cada vez mais
sedentos por tipografias, ilustrações, combinação de cores e produtos que sejam visualmente provocantes.
Queremos mais, sempre mais. E é justamente em torno das questões de como
definir um limite para o criativo e de como
o futuro pode se espelhar no passado que
teremos as grandes tendências de design
em 2023.
Confira os movimentos que identificamos
como as grandes apostas para os meses
que virão e não se esqueça de baixar nosso
ebook gratuito de Tendências de Design em
2023 – ele é lindíssimo e você pode imprimir ou baixar pra ler no celular mesmo.
Nostalgia vibrante
A tendência retrô vai resgatar a as ilustrações
vibrantes e a tipografia volumosa e groovy dos
anos 70, de quando a era disco contagiou as
artes visuais.
A graça é ter uma pegada imperfeita, arredondada e até ondulada, como se os desenhos e
tipos estivessem dançando. A década foi marcada por inovações - ou melhor, trangressões
- no design gráfico. São composições ousadas
e chamativas, criadas com cores vibrantes.
A cereja do bolo neste tendência é usar e abusar de um contorno preto bem demarcado nas
ilustras e fontes.
Tons rosados e avermelhados
“Uma tonalidade não convencional para um
tempo não convencional”, assim foi anunciada
a escolha do Viva Magenta como a Cor do Ano
2023 da Pantone. O vermelho com um quê de
rosa nos incentiva a libertar o nosso lado rebelde e simboliza um futuro mais inclusivo.
Outros líderes de mercado também apostaram na mesma vibração intensa. A companhia
Benjamin Moore escolheu o Raspberry Blush
para tirar nossas casas da zona de conforto. Já
Dunn-Edwards investiu em um tom mais leve,
porém dramático e nostálgico: o Terra Rosa.
Designers não precisam ter dúvida: tons vermelhos e rosados vão movimentar o próximo
ano.
Padrões
paramétricos
Como os romanos não documentaram o seu
processo de escrita, a origem da serifa écontroversa. A teoria mais aceita diz que o ornamento
surgiu de forma acidental, a partir das ferramentas da escrita usadas na época: o pincel e o cálamo de ponta quadrada.
cilitam a leitura, criando linhas definidas que os
olhos seguem com naturalidade.
Mas há quem discorde: existem evidências de
que os leitores nem vêem as serifas, que acabam sendo filtradas pelo cérebro e passam despercebidas. Ou melhor, passavam.
Quando falamos em design paramétrico, pensamos
logo em projetos arquitetônicos extravagantes.
Mas esses padrões estarão cada vez mais presentes
no design de interiores e de produtos.
A tendência para 2023 é fazer com que todos
notem o maravilhoso mundo das serifas, enquanto adornam composições minimalistas.
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Viagem
psicodélica
Em um primeiro momento, a composição parece caótica, mas cada elemento é pensado para nos fazer viajar
na imaginação dos artistas. A única regra é não seguir
regras, quebrando as barreiras da consciência.
Em 2023, essa viagem alucinógena é feita com menos
lettering e mais cartoons. E as cores neon combinam
perfeitamente com a rebeldia dessa realidade ficcional.
O termo se refere a um método que utiliza algoritmos
e softwares de modelagem 3D para executar criações
mais complexas - sobretudo irregulares e curvilíneas.
Isso quer dizer que o uso da serifa estava completamente alheio a preocupações de legibilidade.
Hoje é de senso comum que as fontes serifadas
devem ser usadas em caixas de texto corrido e
materiais impressos porque em teoria elas fa-
Fonte: behance / Roman Baima / behance / Photomode. GG
Ilustrações psicodélicas vão nos levar para cenários impossíveis. O estilo de design remonta a posters do final dos anos 60, principalmente difundidos por artistas
como Rick Griffin, Bonnie MacLean e Wes Wilson.
Fontes Serifadas
Times New Roman, Garamond, Jenson. Essas
célebres fontes têm algo em comum: a serifa. Os
pequenos traços que ornamentam as extremidades das letras surgiram com as maiúsculas
romanas.
Fonte: Instagram / tipodarebeca / Instagram / aiyari_studio
A tendência brinca com as perspectivas e proporções,
criando variações em volume e profundidade. O resultado é realmente único, com uma pegada futurista.
Fonte: behance / PikZiy / behance / Zooocka-Rebranding
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LEGIBILIDADE É A
REGRA BÁSICA?
Visitamos um dos nossos ídolos das letras para fazer a seguinte
reflexão: legibilidade é fundamental para logotipos?
Cláudio Gil é um dos calígrafos mais talentosos do
mundo, os workshops sobre o chamado “alfabeto
fundamental” (que funciona como uma introdução à
caligrafia no alfabeto “padrão”, digamos) costumam
terminar com um exercício que já é conhecido entre
seus alunos.
Usando uma ponta chata e colocando em prática tudo
que foi aprendido na aula, o aluno deve escrever a frase “legibilidade é a regra básica, fundamental, sine qua
non”.
No exercício, a ideia é mais focar no branco do que no
preto, ou seja, a gente pode até não ser muito virtuoso no desenho das formas, mas é importante ter uma
boa noção das proporções delas, do espaço entre as
letras, das partes não preenchidas, do ritmo. Tudo isso
vem do branco que, aliás, também é essencial para a
legibilidade.
Legibilidade é a regra básica, fundamental, ”sine qua
non”. Sempre achei curiosa essa escolha do Cláudio
de frase para encerrar os workshops. Quando participei de um deles, entendi que a frase funcionava para
o exercício para além do significado. Ela tem algumas
características na estrutura que servem para praticar
vários aspectos diferentes do alfabeto fundamental.
Ainda assim, não conseguia parar de ler a frase como
significado, não só como peça visual. Pensava: “como
assim o Cláudio Gil defende que a legibilidade é condição sine qua non?” Não que eu queira desdizer ele,
claro. Mas se você conhece o trabalho do Cláudio
sabe que ele é autor de algumas das peças mais maravilhosamente ilegíveis que alguém já viu.
Se você está começando na caligrafia, é mais importante entender a legibilidade antes para depois explorar livremente o desenho de letras. Dominando a
5
Esse fio no Twitter do @DracoImagem chama atenção
para um ponto interessante, aliás: o que é considerado
tecnológico está sempre associado a uma remoção
de elementos. Quanto menos partes, mais futurista.
É como se os únicos valores desejados para o futuro
fossem a eficiência e a limpeza. Podemos deixar esse
tópico da eugenia visual para outro texto, mas o fato é
que tanto Nokia como Kia partem dessa premissa da
remoção de partes nos seus novos logotipos.
As marcas parecem estar mais uma vez dispostas a
buscar uma voz marcante, mais do que se esvaziarem para encaixar em qualquer lugar. Inclusive, uma
das marcas-símbolo do momento da uniformização, a
Burberry, já lançou um novo rebranding, agora voltando à origem histórica da marca, com um visual super
expressivo.
O que existe em comum entre essas marcas é o fato
de serem gigantes que, gostemos ou não, podem se
dar ao luxo. Elas podem não ser tão reconhecíveis de
primeira, mas vão ser marteladas tantas vezes na nossa cabeça que logo mais ninguém vai enxergar KN ou
AOCIA. E como legibilidade é costume, a legibilidade
delas vai crescer na gente.
Se você tem uma marca e ela ainda não é essa Coca-Cola toda, talvez não seja uma boa ideia desafiar a
leitura do seu logo, por que seu público pode não ter a
chance de vê-lo de novo.
Análise de um case de
design gráfico referência
legibilidade, você consegue fazer qualquer coisa, inclusive as ilegíveis. Entendo que esse é o caminho que
o Cláudio Gil quer indicar para os alunos.
Quero comentar alguns recentes acontecimentos do
branding. Os lançamentos dos novos logotipos da Kia
e da Nokia, com alguns meses de distância, fizeram
um burburinho no meio do design.
De jeitos diferentes, essas marcas brincam com legibilidade. A Kia conectou as letras do seu nome, enquanto a Nokia fez um jogo entre vazio e preenchido onde
uma letra do logotipo completa a outra. Em comum, a
tentativa de levar as marcas para um ponto que pareça mais tecnológico, de ponta.
A Nokia está marcando de vez seu foco no B2B, e definiu como mote estratégico “Criar tecnologia que
ajude o mundo a agir junto”. O logo interpreta esse
propósito com letras que só podem ser lidas em contexto, atuando juntas. O posicionamento estratégico
não poderia ser mais genérico, vamos combinar, mas
ainda assim o logotipo conseguiu dar uma solução original a ele, o que é louvável.
Logo da NOKIA
Já na questão da legibilidade, o buraco é mais embaixo. E olha que, para deixar bem claro, eu não sou o
bastião da moral e bons costumes tipográficos. Acho
que a dificuldade de leitura pode ser usada como recurso em algumas situações. Mas também entendo
que se você vai usar formas não convencionais para
suas letras, elas devem estar lá para acrescentar ao
todo, não para atrapalhar.
Resultado: é possível não se importar tanto com a legibilidade em algumas situações, mas para boa parte
dos casos, especialmente se você está começando,
talvez seja mais jogo considerá-la a regra básica, fundamental, sine qua non.
De maneira mais clara, o logo da Kia não é bom (se é
que você considera ele bom) por causa da confusão
entre A e N. Ele funciona apesar dela. A confusão poderia ser resolvida e o logo continuar tão interessante
quanto.
Logo da KIA
O logo da Kia ficou famoso por confundir as pessoas, fazendo explodir as buscas no Google por uma tal
marca “KN”. O da Nokia, por outro lado, parece melhor
resolvido, mas ainda assim algumas pessoas enxergam “Nocia”, ou mesmo “Aocia”.
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DICAS
Opções criativas ilimitadas, rápidas.
Quais são os recursos do Adobe Firefly?
Pense em quantas horas você economizaria se pudesse adicionar o que está em sua cabeça à sua composição instantaneamente. A Firefly está se preparando
para incluir a geração de imagens sensíveis ao contexto para que você possa experimentar e aperfeiçoar
facilmente qualquer conceito.
O Adobe Firefly oferece uma ampla gama de recursos
para ajudar os profissionais de criação a trabalharem
de maneira mais eficiente e produtiva. Aqui estão alguns dos recursos mais importantes do Adobe Firefly:
Blocos de construção criativos instantâneos.
Edições de vídeo surpreendentes, simplificadas.
Imagine gerar vetores, pincéis e texturas personalizados a partir de apenas algumas palavras ou até mesmo de um esboço. Planejamos construir isso no Firefly
– além da capacidade de editar o que você cria usando as ferramentas que você já conhece e ama.
Mude o humor, a atmosfera ou até mesmo o clima.
Estamos explorando o potencial da edição de vídeo
baseada em texto com o Firefly para que você possa
descrever a aparência desejada e alterar instantaneamente as cores e configurações correspondentes.
Criação de conteúdo diferenciado para todos.
Para quem é o Adobe Firefly?
Prepare-se para criar cartazes, banners, postagens
sociais e muito mais exclusivos com um simples
prompt de texto. Com o Firefly, o plano é fazer isso e
muito mais – como fazer o upload de um mood board
para gerar conteúdo totalmente original e personalizável.
O Adobe Firefly é destinado a profissionais de criação que desejam trabalhar de maneira mais eficiente
e produtiva. Isso inclui designers gráficos, editores de
vídeo, escritores e profissionais de marketing digital.
O Adobe Firefly pode ajudar esses profissionais a economizar tempo e recursos, permitindo que eles criem
conteúdo de alta qualidade com mais rapidez e facilidade.
Dicas de ferramentas e recursos para design gráfico
Como a Inteligência Artificial Adobe Firefly está mudando
a forma de criar experiências digitais
A Inteligência Artificial (IA) tem sido uma das principais tendências em tecnologia nos últimos anos. A IA
oferece uma série de benefícios, incluindo a capacidade de realizar tarefas repetitivas com mais rapidez
e precisão do que os seres humanos, e a capacidade
de analisar grandes quantidades de dados em tempo
real.
A Adobe, líder em software de criação de conteúdo,
lançou recentemente seu próprio sistema de IA, o
Adobe Firefly.
Como o Adobe Firefly funciona?
O Adobe Firefly é uma plataforma de IA que foi projetada para ajudar os profissionais de criação a trabalharem de maneira mais eficiente e produtiva. Ele é baseado em um sistema de aprendizado de máquina que
permite que a plataforma aprenda com os dados de
entrada e melhore continuamente suas habilidades. O
Adobe Firefly funciona em uma ampla gama de aplicativos da Adobe, incluindo o Photoshop, o Illustrator e
o Premiere Pro.
Conclusão
Com a ferramenta é possivel adicionar, recortar, criar e modificar elementos com apenas alguns cliques.
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O Adobe Firefly é uma plataforma de IA poderosa que oferece uma ampla gama de recursos para ajudar os
profissionais de criação a trabalharem de maneira mais eficiente e produtiva. Ele usa a tecnologia de reconhecimento de imagem e processamento de linguagem natural para identificar elementos de imagem e palavras-chave relevantes. O Adobe Firefly é destinado a profissionais de criação, empresas e qualquer pessoa
que deseje criar conteúdo de alta qualidade com mais rapidez e facilidade. Com o Adobe Firefly, a criação de
conteúdo nunca foi tão fácil e eficiente.
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Entrevista
vemos toda a identidade visual de Coca-Cola para Copa do
Mundo e Olimpíada. O projeto que me levou para Atlanta foi
a criação de uma iniciativa de capacitação em design. Formamos um grupo de pessoas de outras áreas e durante um
ano treinamentos esse time para trabalhar com design em
suas áreas e disseminar a cultura dentro da Coca-Cola no
planeta.
Conheça Cris Grether, a diretora Global de Design que
liderou a reformulação das embalagens de Coca-Cola
E qual é a contribuição que o design pode dar para as diferentes áreas de uma empresa?
Agora o logotipo da Coca-Cola aparece deitado nas latas
e sem a tradicional onda embaixo, explique o conceito
por trás desta escolha?
A designer brasileira Cristiana Grether chegou em 2011 na Coca-Cola para fazer
história: ela liderou a maior transformação em ao menos duas décadas no visual do
refrigerante mais famoso do mundo, dentro na nova estratégia da marca. Também foi
responsável por implementar o design thinking na companhia e atualmente é diretora Global de Capacitação em Design da companhia.
Cristina fica na sede internacional da empresa, em
Atlanta, para coordenar todo o projeto de agências
e equipes internas nos projetos de reformulação de
embalagens e comunicação visual, além de disseminar a cultura do Design Thinking em todas as áreas da
empresa. Ela será uma das palestrantes da DT CON,
nossa conferência de design e inovação, com o tema
Designing the future of Food Industry. Para você conhecer um pouco mais sobre ela e todo trabalho que
realizou, divulgamos abaixo uma entrevista que ela
concedeu ao portal G1 :
Qual foi exatamente o seu papel dentro do processo de
reformulação das embalagens de Coca-Cola?
Cristina Grether: Eu coliderei esse projeto com o meu chefe, James Sommerville, vice-presidente Global de Design.
Trabalhamos com um time interno multidisciplinar de umas
10 pessoas em parceria com 6 agências de design pelo
mundo. Não dá para dizer que tem um dono, foi muita gente
envolvida. Quando eu cheguei em Atlanta, a estratégia já estava definida e a empresa estava colhendo os aprendizados
dos primeiros protótipos e insights.
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Como foi o processo criativo e o método de trabalho até
a escolha do novo visual?
Cristiana Grether: Acho que foram milhares de esquetes,
desenhos e protótipos de tentativas e erros. A gente nunca
faz nada só no computador, só com desenhos. A gente gosta de ouvir os consumidores, sen
construídas marcas tão
fortes que viraram quase que competidoras entre si. Não se
trata de uma mudança só de design gráfico, é uma mudança
de visão. Agora não existe mais submarca ou marcas primas
da Coca-Cola. A palavra zero, por exemplo, que aparecia no
logotipo em um tamanho bem grande, agora aparece só no
pescoço da lata. Não se trata de uma mudança só de design gráfico, é uma mudança de visão. Agora não existe mais
submarca ou marcas primas da Coca-Cola
Cristiana Grether: Tínhamos de criar um sistema já pensando nas centenas de diferentes tamanhos e formatos de
embalagens partindo do “red disc”. A partir daí experimentamos manter a logo na vertical como era antigamente, mas
assim que viramos para experimentar notamos que ela aparecia com muito mais clareza. Para reforçar que essa é uma
marca única, unificamos a presença do script na cor branca
para todas as embalagens. Éramos apaixonados pela onda
da Coca-Cola, mas curiosamente acabava que não funcionava tão bem, porque dependendo do formato da embalagem a onda distorcia. Acabamos que resolvemos dois problemas em um só.
Cristiana Grether: O meu papel como diretora global de
capacitação em design é mostrar que o design pode ajudar
o trabalho de qualquer pessoa, de qualquer área, ser mais
ágil e mais assertivo. Eu acredito que o design pode mudar
o mundo e facilitar a vida de qualquer um. Fazer com que
dentro da empresa se chegue a briefings, a resoluções muito bem definidas sobre os problemas que temos que atacar,
quase como se coubesse num tuíte, de 180 caracteres. Uma
coisa muito recorrente é debater ideias sem nunca chegar a
uma conclusão. No processo de design thinking, uma etapa
muito importante é ir para rua e para os pontos de venda observar e conversar com as pessoas, e realmente observar se
o problema é realmente aquele e se elas realmente precisam
daquilo antes de começar a ter a ideias.
E quais são os seus próximos projetos dentro da Coca-Cola?
Cristiana Grether: Está tudo sempre na fila. Já colocamos
em alguns mercados da Europa a nova identidade de Fanta, estamos redesenhando Powerade, tem Sprite. Mas meu
grande projeto é disseminar a cultura do design dentro da
empresa. Já temos 12 países que concordaram e vamos sair
pelo mundo treinando associados com a prática do Design
Thinking em 2017.
Tem data de validade uma reformulação dessa magnitude?
O fato de você ser brasileira reflete de alguma maneira
no seu trabalho ou te proporciona algum diferencial?
Cristiana Grether: Estamos agora num processo de implementação nos 207 países em que a Coca-Cola existe. Temos
uma fila de países que a gente está ajudando a transformar
todas as embalagens e pontos de contato. Essa fase vai levar
de 1 a 2 anos e vamos observar inclusive oportunidades de
melhorias, porque nada é perfeito nunca, está sempre em
constante mudança. E depois disso, o nosso próximo passo
é aumentar cada vez mais a vermelhidão da marca. Então as
embalagens da Coca-Cola vão ficar ainda mais vermelhas,
deixando o mínimo necessário da cor das versões. Nada é
perfeito nunca, está sempre em constante mudança. O nosso próximo passo é aumentar cada vez a vermelhidão da
marca.
Cristiana Grether: Tendo trabalhado em Londres e Estados Unidos, posso dizer que quando a gente chega a nossa
personalidade já é um diferencial, independente de estilo. O
jeito de lidar com as pessoas e com o problema é sempre
um diferencial. Para gente não tem tempo ruim. Essa é uma
coisa que chama a atenção e a gente recebe elogio e reconhecimento por onde vai. Outra coisa é a antropofagia da
criatividade. O Brasil é um país novo, a gente recebe tudo
das outras culturas, digere e expele de uma maneira melhor.
Então tem muito dessa criatividade aguçada e rápida, sem
muito tempo de errar. Uma terceira coisa que é o máximo
são as nossas cores. Todo o projeto que eu trabalho, alguém
me fala: ‘Nossa, você fez uma coisa muito colorida’. E eu
penso: ‘Gente, é só vermelho e rosa’.
E como você chegou até esse cargo? Fale um pouco sobre a sua trajetória dentro da Coca-Cola.
Cristiana Grether: Sou designer gráfica e até então sempre
tinha trabalhado somente em escritórios de design. Fiz mestrado em Nova York, voltei para o Rio, fui para Londres e, em
2011, surgiu uma oportunidade de ouro: uma vaga para abrira área de design na Coca-Cola Brasil, que ainda não existia.
Fiquei 4 anos no Brasil. Fizemos a mudança das embalagens
de i9, a linha nova de garrafas de água Crystal e desenvol-
Esta é uma reprodução da entrevista concedida ao
site ECHOS no url:
(https://escoladesignthinking.echos.cc/blog/2018/11/conheca-cris-grether-a-diretora-global-de-design-que-liderou-a-reformulacao-das-embalagens-de-coca-cola/)
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