Do que é feita a Madeira Projeto de pesquisa sobre técnicas de trabalho com a madeira no Brasil para sua proteção e resgate: da extração sustentável pelo manejo comunitário aos modos de beneficiamento tradicionais indígenas e ribeirinhos. por Rodrigo Silveira Argumentação Desde a extração até o beneficiamento da madeira, os povos que vivem nas (e das) florestas brasileiras acumulam importantes conhecimentos, que são transmitidos de forma oral há tempos e, em sua maioria, estão pouco documentados. Quando pensamos na extração da madeira, por exemplo, como se escolhe a árvore que vai ser extraída, qual o método utilizado para a derrubada? Quais os usos atribuídos a cada uma das espécies? Essa sabedoria popular é importante não apenas para a qualidade da madeira extraída, mas também para a preservação da floresta. O uso da madeira “descolado” da herança dos grupos nativos segue sendo a realidade quando se trata do beneficiamento e do trabalho com a madeira. Na marcenaria conhecida como tradicional aqui no país, por exemplo, as técnicas aplicadas e as ferramentas são essencialmente europeias, enquanto às nativas estão praticamente limitadas ao uso de suas comunidades de origem. Quando se trata da construção, é igual. Muito poderíamos nos beneficiar dos conhecimentos populares, que há séculos conhecem as melhores espécies para cada uso, como por exemplos as que melhor toleram a água ou as que mais resistem ao contato com o solo. O objetivo desse projeto é investigar as formas nativas de lidar com a madeira para assim valorizar e proteger esse importante repertório cultural brasileiro. Somado a esse conhecimento, a pesquisa vai além na investigação de um sistema moderno de exploração da madeira que leva em conta também o respeito pela floresta e das comunidades que nelas vivem, que é o Manejo Sustentável Comunitário. A pesquisa se dividirá em quatro frentes: extração, construção de moradia (oca indígena), de canoa (transporte e contato com a água) e de mobiliário. O que é manejo sustentável comunitário Manejo florestal é a utilização racional e ambientalmente adequada dos recursos da floresta como atividade econômica, que a protege do desmatamento. O manejo florestal comunitário, como indicado pelo nome, é elaborado e realizado por uma comunidade, que estabelece interesses comuns e divide as tarefas e os ganhos entre todos. Com isso, o modelo consegue uma melhor distribuição de renda desde o começo da cadeia de exploração, e estimula a preservação da floresta pelo interesse de todos. Mehinako As pesquisas serão realizada em algumas incursões por comunidades tradicionais amazônicas. Um desses locais é a aldeia indígena Mehinako, localizada no Xingu. Ali, em três diferentes ocasiões, atuarei como aprendiz de algumas etapas da construção de uma oca e uma canoa, em diferentes épocas do ano. Uatumã Já na região de Uatumã, no Amazonas, acompanharei etapas de extração da madeira, desde o processo de escolha das espécies a serem retiradas (plano de manejo), até o corte da árvore, a serragem em pranchas e o transporte para sua comercialização. Benefícios do projeto Para além do resultado em forma da série de móveis a serem produzidos pela minha oficina, a pesquisa gera as seguintes contribuições: • Registros audiovisuais sobre as técnicas construtivas brasileiras de trabalho com a madeira. • Transmissão do conhecimento sobre essas técnicas nas aulas realizadas na oficina. • Divulgação sobre o manejo comunitário sustentável no sudeste do país. • Contribuição para a viabilização da venda dessa madeira no mercado nacional. • Documentação que permitirá e incentivará a exploração de outras espécies não-comerciais, consequentemente preservando as que são massivamente usadas – a Amazônia conta com 16 mil espécies diferentes de árvores, mas em uma madereira em São Paulo não encontra-se mais do que 10-15 espécies. • Formação de consumidores mais conscientes sobre a origem da matéria-prima. • Aproximação de todos os participantes da cadeia de produção de móveis, estimulando assim uma melhor distribuição dos recursos financeiros envolvidos no processo. O apoio A arrecadação de recursos para a elaboração desse projeto se dará pela venda de móveis, criados e produzidos por mim, a partir dos questionamentos que venho levantando nos últimos anos e que impulsionaram essa pesquisa. São oferecidas três séries de móveis, em tiragens limitadas, sendo que duas dessas propostas conceituais já foram apresentados em exposições e eventos de design, e a terceira é inédita. Outra forma de apoio é a aquisição de cotas da produção que será realizada posteriormente à pesquisa e que derivará dos conhecimentos adquiridos no processo. As cotas começam em R$ 2 mil e podem ser revertidas em qualquer um dos móveis citados nessa apresentação. Os pagamentos poderão ser parcelados em até 6 vezes no cartão, e feitos via pagseguro. as entregas serão feitas até setembro de 2020 (com exceção das cotas**), combinadas com cada comprador. * a pesquisa de campo será realizada quando for seguro novamente fazer visitas as comunidades citadas ** as peças derivadas da pesquisa em campo ainda não tem data para serem produzidas